Perda de parte do pulmão, infecção polimicrobiana: relembre os problemas de saúde do Papa Francisco
Pontífice, que morreu na madrugada desta segunda-feira, permaneceu 37 dias internado entre fevereiro e março
O Papa Francisco, líder da Igreja Católica, morreu na madrugada desta segunda-feira aos 88 anos. O óbito foi confirmado pelo Vaticano nesta manhã, um dia após o Pontífice ter feito sua última aparição pública durante a celebração de Páscoa na Basílica de São Pedro. Na ocasião, com voz fraca, acenou para os fiéis.
Os últimos problemas de saúde de Francisco tiveram início no começo de fevereiro, quando a Santa Sé anunciou que o Papa realizaria suas audiências dos dias 6 e 7 de fevereiro em sua casa para se recuperar de uma bronquite. Devido à persistência do quadro, no dia 14, o Pontífice foi internado no Hospital Gemelli de Roma, na Itália, para realização de exames e tratamento. Os exames indicaram uma infecção polimicrobiana.
Uma infecção polimicrobiana acontece quando mais de um microrganismo age ao mesmo tempo, entre vírus e bactérias, por exemplo.
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Os quadros em idosos costumam começar com uma infecção viral, que compromete as defesas do organismo e abre caminho para uma infecção bacteriana secundária, explicou ao GLOBO Alexandre Naime Barbosa, chefe da Infectologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Posteriormente, um novo exame de tomografia computadorizada também mostrou que a pneumonia era bilateral, ou seja, estava afetando os dois pulmões do Papa. O quadro era agravado por Francisco já não ter parte do pulmão, que foi retirada aos 21 anos após um quadro de pleurisia, uma espécie de inflamação que ocorre na pleura, a membrana que envolve os pulmões e a caixa torácica.
Após 37 dias de internação, o Papa Francisco recebeu alta no dia 23 de março. Sua agenda continuou limitada devido à recuperação do quadro, mas o Pontífice chegou a fazer algumas aparições públicas antes da sua morte, nesta segunda-feira. Ontem, no domingo de Páscoa, apareceu pela última vez para desejar “Boa Páscoa” aos fiéis presentes na Basílica de São Pedro.
Relembre os outros problemas de saúde do Papa Francisco
Logo no início do pontificado, o Vaticano deixou claro que Francisco teve parte de um pulmão retirado na infância. O pedido de divulgação foi do próprio Papa. Ainda aos 21 anos, Francisco — até então conhecido pelo nome de batismo Jorge Mario Bergoglio — quase morreu depois de desenvolver pleurisia, uma espécie de inflamação que ocorre na pleura, a membrana que envolve os pulmões e a caixa torácica.
À agência de notícias sa AFP, o biógrafo do chefe do Vaticano, Austen Ivereigh, contou que os médicos removeram três cistos pulmonares do Pontífice em 1957 e parte do pulmão.
Em 2015, veio a público os problemas no quadril e fortes dores nas costas, que aram então a reduzir sua mobilidade. Tratava-se de uma estreiteza no espaço intervertebral entre a quarta e a quinta vértebras lombares.
Mas o que mais afeta a locomoção do Papa hoje é uma artrose nos joelhos, que o faz hoje usar cadeira de rodas na maior parte do tempo. Em 2020, inclusive, Francisco não celebrou a tradicional missa de Ano Novo por dores no nervo ciático.
Além disso, em julho de 2021, o Papa teve parte de seu cólon removido em uma operação destinada a tratar uma doença intestinal chamada diverticulite. Mais comum em idosos, a enfermidade no sistema digestivo é caracterizada por um estreitamento da parede do órgão. Isso se dá por conta de saliências que se formam na região com a idade.
Em 2023, o Pontífice foi hospitalizado novamente por três dias devido a uma pneumonia grave. Poucos meses depois, voltou a ser internado por 10 dias para uma nova operação devido a uma laparocele que estava provocando quadros recorrentes de obstrução parcial do intestino.
Laparocele é um outro nome para hérnia incisional e acontece quando pacientes, após um procedimento cirúrgico abdominal, como o feito pelo Papa para diverticulite dois anos antes, desenvolvem uma hérnia no local da cicatriz.
Uma hérnia é uma protusão, como uma espécie de nódulo, formada pelo escape parcial ou total de um órgão ou um tecido por meio de uma abertura que foi aberta onde não deveria. Isso ocorre por má formação ou por enfraquecimento nas camadas que revestem o órgão, como do músculo abdominal.
Já no início deste ano, o Papa Francisco caiu e machucou o antebraço direito, apenas semanas após outra aparente queda ter resultado um hematoma grave no queixo do Pontífice. Em comunicado, o porta-voz do Vaticano anunciou que Francisco não chegou a quebrar o braço, mas precisou usar uma tipoia como precaução.