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RIO DE JANEIRO

PF deflagra segunda fase de operação para apurar venda de obras de arte apreendidas com empresário

Agentes cumprem um mandado de busca e apreensão na casa do alvo, localizada em Botafogo, Zona Sul do Rio

A Polícia Federal deflagrou, nesta quarta-feira (21), a segunda fase da Operação Loris para apurar a venda das obras de arte que haviam sido apreendidas durante a primeira fase da ação.

As peças estavam sob a posse do responsável pelo esquema criminoso, que foi investigado, na condição de depositário fiel: o Eduardo Monteiro Wanderley, dono e CEO da Petra Gold Serviços Financeiros S.A, conforme informou o "Bom Dia Rio", da TV Globo. Ele era o fiel depositário das obras de arte — tinha obrigação de guardá-las.

Policiais federais cumprem, nesta quarta, um mandado de busca e apreensão na casa do investigado, localizada em Botafogo, na Zona Sul do Rio, para identificar outras obras de arte que possam ser objeto de apreensão.

De acordo com a PF, o grupo econômico chefiado por Eduardo teve projeção no cenário carioca ao emitir debêntures — títulos de dívidas de empresas, emitidos para financiar projetos, aumentar lucros e reestruturar dívidas —, ofertadas publicamente sem autorização da sem autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Desse modo eram captados centenas de milhões de reais, indica a investigação.

A organização criminosa, afirma a Polícia Federal, também patrocinou eventos, museus, esportistas e adquiriu o Teatro Leblon, no bairro nobre da Zona Sul carioca, para difundir o nome do grupo. A compra foi em 2019 e o espaço fechou em 2022, quando perdeu o apoio.

Eduardo, segundo a PF, poderá responder pelos crimes de lavagem de dinheiro e emissão ilegal de debêntures. A defesa do empresário não foi localizada. O espaço segue aberto para qualquer manifestação.

Sequestro de R$ 300 milhões
Na primeira fase da Operação Loris, ocorrida em dezembro de 2023, a Justiça determinou o sequestro de bens do empresário no valor de R$ 300 milhões.

Na época, RJTV, da TV Globo, teve o a um relatório no qual a CVM aponta que, pelo histórico da Petra Gold, a emissão de debêntures seguinte possuía sempre valor igual ou superior à anterior, principal característica de um "esquema Ponzi", a pirâmide financeira. Assim, o grupo pagava aos primeiros investidores com o que arrecadava das emissões seguintes. Ainda segundo as investigações, quando o esquema não se sustentou, o CEO deixou de pagar funcionários e investidores.

Em maio de 2020, a CVM emitiu um comunicado em que afirmava que a empresa e o CEO não se encontravam "habilitados a ofertar publicamente contratos de investimento coletivo, participações, ou quaisquer valores mobiliários", sendo determinada a suspensão de ofertas.

Em abril de 2021, a CVM teve uma nova determinação, para que a Petra Gold abstivesse-se da emissão de debêntures. Segundo a comissão, estaria "realizando operação fraudulenta no mercado de capitais, por meio dessa oferta".

No início de 2023, a empresa já tinha sido alvo de investigação da Polícia Civil do Rio, desta vez por estelionato e organização criminosa. De acordo com a corporação, a Petra Gold impediu o resgate de valores aplicados por clientes, num total que poderia ultraar R$ 3,5 milhões.

O nome da operação, Lóris, é uma referência ao único primata venenoso, que possui aparência dócil e receptiva, ocultando o risco que o contato com ele causa, explica a Polícia Federal.

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