Procissão, caixão aberto com sepultamento fora do Vaticano: como será o funeral do papa Francisco
Os rito fúnebres de um pontífice é dividido em três partes, da constatação da morte ao sepultamento
As honras fúnebres (exéquias) de um Papa são um conjunto de cerimônias que acontecem durante a Novendiales, os Nove Dias Santos de luto após a sua morte. O Pontífice deve ser enterrado de quatro a seis dias a partir do primeiro dia de falecimento.
Em abril de 2024, o Papa Francisco aprovou uma reforma nos ritos e simplificou as cerimônias. As mudanças foram publicadas em uma nova edição do Ordo Exsequiarum Romani Pontificis, o guia cerimonial dos rituais.
As três “estações” que são os os, da constatação da morte até o sepultamento do Pontífice, permaneceram inalteradas, mas a publicação trouxe novidades.
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PRIMEIRA ESTAÇÃO: na residência do Papa
Acontece na casa pontífice e compreende três momentos: Constatação da morte (Constatazione della morte); Exposição do corpo (Esposizione della salma); e a Celebração e orações (Celebrazioni e preghiere).
A morte do Papa é verificada e oficializada pelo Camerlengo, o de propriedades da Santa Sé, atualmente o cardeal irlandês, Kevin Farrell. Isso acontecerá na residência da Casa Santa Marta, uma hospedaria no Vaticano, onde o papa decidiu morar após o conclave que o elegeu, em 2013. Antes, a confirmação acontecia no Palácio Apostólico, antiga residência dos pontífices e, o corpo era transladado dos aposentos papais até a Sala Clementina.
O corpo do Papa será embalsamado para que possa permanecer dias sendo velado. Membros da família romana Signoracci têm mantido há décadas a tradição do embalsamamento.
Depois do procedimento, o corpo do Papa será vestido com os respectivos paramentos litúrgicos e, na capela de Santa Marta, será velado por membros do Vaticano. Seguem-se as orações previstas e uma celebração da palavra que será presidida pelo cardeal camerlengo, que é quem assume a istração da Sé Apostólica durante a Sé Vacante, período sem Papa.
O corpo do pontífice será depositado diretamente no caixão após a confirmação da morte. Não haverá a exigência que o corpo do Papa seja envolvido por três caixões: de cipreste, chumbo e carvalho, que juntos pesavam meia tonelada. Agora, ele será enterrado num único caixão, de madeira e de zinco.
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SEGUNDA ESTAÇÃO: na Basílica de São Pedro
É dividida em três momentos: o traslado do corpo para a Basílica vaticana (Traslazione della salma del Sommo Pontefice nella Basilica Vaticana); as celebrações e as orações (Celebrazioni e preghiere); e a missa de exéquias (Messa Esequiale).
Primeiro o corpo será transportado em procissão da Casa de Santa Marta até a Basílica de São Pedro, com o caixão fechado.
Quem preside o rito é o cardeal Camerlengo, que primeiro borrifará água benta no Papa morto com um esperge, e em seguida iniciará a procissão. Durante o caminho, serão recitados diversos salmos e cânticos.
O Pontífice será levado para o interior da Basílica de São Pedro, e no trajeto será declamada a Ladainha de todos os santos com o canto gregoriano em latim. O corpo será colocado em frente do altar principal ou em outro lugar preparado pelos Cardeais da Congregação.
O camerlengo irá aspergir água benta mais uma vez no corpo e o incensará na sequência, enquanto, todos os presentes cantarão o Responsório “Subvenite Sancti Dei”. O translado é concluído.
O caixão permanecerá sem a tampa até à noite anterior do funeral para que os fiéis possam se aproximar do Pontífice e fazer suas orações. Foi abandonada a prática de colocar o corpo sobre um catafalco, plataforma elevada e decorada. Nem a férula papal, que é o bastão do Papa, será colocada ao lado do caixão.
A cerimônia seguirá e o Mestre das Celebrações Litúrgicas dos Pontífices, Diego Ravelli, que lerá o rogito, que é uma ata em latim que relata os principais atos da vida de Francisco. Em seguida, será estendido um véu de seda branca sobre o rosto do Papa que será aspergido com água benta pela terceira vez.
No caixão, serão colocados um saco com as medalhas cunhadas durante o pontificado e um tubo com o rogito. A Basílica de São Pedro será aberta para a visitação pública que poderá durar mais de um dia. Durante a agem dos fieis serão realizadas orações e celebrações litúrgicas.
Terminado o período de visitação chega o dia da missa de exéquias, Eucaristia popularmente chamada de corpo presente, que acontecerá na Praça de São Pedro e será presidida pelo cardeal decano, Giovanni Battista Re, ou, na ausência deste, do vice-decano, o cardeal Leonardo Sandri.
Durante a celebração religiosa estarão presentes na praça os integrantes das igrejas, os chefes de Estado, as delegações de governos e os fieis.
Não ocorrerá o rito de fechamento do caixão no interior da Basílica quando o caixão de exposição em madeira cipreste era envolto pelo de chumbo e pelo de carvalho, o rito foi suprimido. O caixão fechado do Papa será transportado por doze carregadores e sairá da Basílica pelo portão central.
O caixão será depositado na frente da escadaria da Basílica sobre um tapete e, de frente para, possivelmente, mais de 300 mil fieis que estarão na Praça de São Pedro. Sobre o ataúde será posto um evangelho aberto.
A missa de exéquias se iniciará e tem-se súplica da Igreja de Roma, presidida pelo Cardeal Vigário, e a súplica das Igrejas orientais, presidida por um Patriarca Oriental, último rito de encomendação e despedida do Papa.
TERCEIRA ESTAÇÃO: local da sepultura
Ao terminar a missa de exéquias, se iniciará a terceira estação, composta por dois momentos: Procissão ou Translado ao local da sepultura (Processione) e Sepultamento (Tumulazione della salma del Sommo Pontefice defunto).
Ao contrário da maioria dos papas que foram sepultados sob a Basílica de São Pedro, nas criptas. O Papa Francisco pediu para ser levado para a Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, para ser enterrado.
A Santa Maria Maggiore é a primeira igreja no Ocidente dedicada à devoção à Virgem Maria. Francisco visitava essa igreja com frequência quando era cardeal e, depois, como Papa, rezava na Basílica antes e depois de qualquer viagem internacional.
Na Basílica de Santa Maria Maggiore, o cardeal Camerlengo presidirá o rito de inumação que consiste na colocação do Papa Francisco em sua sepultura. Foi eliminada a deposição e o fechamento do caixão. Os presentes cantarão o Salve Regina (oração da Salve Rainha cantada em latim) e o Pontífice será sepultado. O túmulo permanece em local ível ao público para visitas e orações.