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ESTADOS UNIDOS

Protestos pró-imigração na Califórnia chegam a São Francisco, e total de presos chega a quase 200

Manifestações contra cerco de agentes do ICE a imigrantes indocumentados irromperam na sexta (6)

O Departamento de Polícia de São Francisco anunciou que cerca de 60 pessoas foram presas durante a noite de domingo em uma manifestação contra a política de imigração de Donald Trump, enquanto a onda de indignação iniciada na sexta-feira com protestos em Los Angeles se espalha em outra grande cidade da Califórnia. O número total de detidos nas duas cidades gira em torno de 200 pessoas.

Em um comunicado divulgado na rede social X, a autoridade policial informou que a situação em São Francisco se agravou durante uma manifestação, quando vários participantes "se tornaram violentos", atacando vários prédios e uma viatura policial. Ao menos dois policiais ficaram feridos, ainda segundo o levantamento do departamento.

O protesto em São Francisco começou na noite de domingo como uma reunião pacífica em solidariedade aos moradores de Los Angeles, para onde Trump deslocou 2 mil homens da Guarda Civil em resposta a protestos iniciados na sexta-feira contra o cerco de agentes do Serviços de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês) a imigrantes indocumentados no distrito de moda da cidade.

Ao longo dos três dias de protesto, cerca de 150 pessoas foram detidas na maior cidade da Califórnia, em meio a uma disputa entre o presidente e o governador democrata, Gavin Newsome, que acusou Trump de fomentar "caos e violência" na cidade.

As autoridades em São Francisco afirmaram, contudo, que o protesto se tornou violento ao longo da noite, com manifestantes e policiais entrando em embate físico no centro da cidade. Pelo menos um manifestante atirou um ovo na direção dos policiais, enquanto outro jogou uma garrafa de vidro que se estilhaçou no chão. O grupo gritava: "Porcos fascistas, saiam das nossas ruas!" e "Por que vocês estão com equipamento de choque? Não vemos um motim aqui".

Os manifestantes se aproximaram, alguns chegando a centímetros das máscaras dos policiais. Após um ime tenso, dezenas de outros policiais com equipamento de choque reforçaram o grupo que já estava instalado no local. Os manifestantes pegaram barricadas de metal e as empurraram contra os policiais, que os empurraram para trás. Pouco depois, começou uma troca de agressões.

Durante o confronto, um policial gritou instruções repetidamente por um alto-falante, mas o som era tão distorcido que as palavras eram difíceis de entender. Parecia ser uma ordem de dispersão. À medida que o confronto prosseguia, alguns manifestantes tentaram afastar outros para acalmar a tensão, mas outros pareciam prontos para lutar. Alguns jogaram latas de lixo e cones de trânsito no meio da rua.

Líderes democratas da Califórnia condenaram a ordem de Trump para mobilizar a Guarda Nacional, com Newsom chamando-a de "propositalmente inflamatória". Newsom e a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, pediram a revogação da ordem. Contudo, Jim McDonnell, chefe do Departamento de Polícia de Los Angeles, adotou uma postura diferente no domingo. Ele disse a repórteres que o departamento não teria solicitado assistência da Guarda Nacional, mas acrescentou: "olhando para a violência de hoje, acho que precisamos fazer uma reavaliação".

Trump descreveu os manifestantes de Los Angeles, em sua maioria pacíficos, como "turbas insurrecionais" nas redes sociais no domingo e disse que a cidade havia sido "invadida e ocupada". Ele não descartou invocar a Lei da Insurreição, que lhe permitiria mobilizar as forças armadas dos EUA internamente.

Antes da decisão de Trump, a última vez que um presidente mobilizou a Guarda Nacional de um estado para fins de segurança pública sem ser solicitado pelo governador foi em 1965, mas naquela ocasião ela disse que o presidente Lyndon B. Johnson usou tropas para proteger manifestantes pelos direitos civis no Alabama. 

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