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GOLOS

Rússia condena chefe da única agência independente de fiscalização eleitoral a 5 anos de prisão

Grigory Melkonyants foi condenado por cooperar com uma 'organização indesejável'

O chefe do único grupo independente de fiscalização eleitoral da Rússia foi condenado a cinco anos de prisão nesta quarta-feira, após ser considerado culpado por atuar com uma organização classificada como “indesejável”, segundo agências de notícias russas e seu advogado.

Grigory Melkonyants, cofundador do grupo de monitoramento eleitoral russo Golos, foi preso em 2023, após o presidente Vladimir Putin ordenar a invasão da Ucrânia e intensificar uma ampla repressão interna. Acusado de “organizar atividades de uma organização indesejável”, Melkonyants, de 44 anos, declarou-se inocente quando seu julgamento começou, em setembro ado.

Nesta quarta-feira, ele foi condenado por um tribunal de Moscou e sentenciado a cinco anos em uma colônia penal, informou seu advogado, Mikhail Biryukov, ao The New York Times.

Golos
Fundado em 2000, o Golos — que documentou fraudes eleitorais generalizadas — foi rotulado como “agente estrangeiro” pelas autoridades russas em 2013. No entanto, as acusações contra Melkonyants dizem respeito à antiga afiliação do grupo com a Rede Europeia de Organizações de Monitoramento de Eleições, que as autoridades russas declararam “indesejável” em 2021 — o que torna qualquer associação com ela um possível crime. O Golos afirmou ter encerrado sua participação na rede após essa decisão.

A designação de “indesejável” tem sido usada para banir grupos considerados inconvenientes, incluindo ONGs e organizações de mídia, e reprimir a dissidência. Mas Melkonyants era apolítico, segundo Roman Udot, um colega de longa data que vive no exílio.

Udot destacou que, enquanto inúmeros ativistas civis deixaram a Rússia após a invasão da Ucrânia em 2022, Melkonyants insistiu em permanecer no país e continuar seu trabalho técnico, sem tomar partido.

O Golos — que significa “voto”, em russo — documentou diversas irregularidades nas eleições parlamentares de 2011. A revolta com essas fraudes gerou os maiores protestos contra o governo de Putin até então e impulsionou um movimento de oposição mais amplo, liderado pelo falecido Aleksei A. Navalny.

Sob crescente pressão das autoridades russas, o Golos foi designado como agente estrangeiro em 2013. Mas, segundo Udot, só após o início da guerra na Ucrânia é que os serviços de segurança russos aram a reprimir o grupo com mais força.

Após sua prisão, Melkonyants foi reconhecido como prisioneiro de consciência pela Anistia Internacional, que afirmou que o especialista em eleições estava sendo “perseguido unicamente por seu ativismo cívico”.

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