Logo Folha de Pernambuco
RIO DE JANEIRO

Universitária de 22 anos morre em academia de Copacabana, no Rio; não havia desfibrilador no local

Dayane de Jesus malhava no espaço por volta das 19h

Uma universitária de 22 anos morreu durante exercício em uma academia de ginástica no bairro de Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro. 

Segundo testemunhas, Dayane de Jesus malhava no espaço por volta das 19h de terça-feira (20) quando ou mal, caiu no chão e foi atendida por outro aluno, que seria médico. Dayane cursava Relações Internacionais na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde estava na fase final da graduação.


No dia seguinte, a  Polícia Civil do Rio de Janeiro interditou a academia em Copacabana. De acordo com investigações da 12ª DP (Copacabana), não havia desfibrilador no local, além de a direção descumprir normas istrativas de socorro na unidade.

Agora, eles vão investigar se o aparelho poderia ter ajudado a salvar a vítima. As informações foram noticiadas pelo RJ2, da TV Globo.

A Lei Nº 7.259, sancionada em 17 de março de 2022, ampliou os locais, no estado do Rio de Janeiro, que são obrigados a ter ao menos um desfibrilador para ajudar no socorro, incluindo as academias. A norma ainda diz que os responsáveis devem preparar as equipes para o adequado funcionamento do equipamento. Antes, de acordo com o ordenamento de 2021, apenas centros de treinamento deveriam contar com o equipamento.

Amigos da jovem relataram ao RJ2 que Dayane tinha histórico de problemas cardíacos, mas estava com os exames em dia.

— Independentemente disso, caso haja esse problema congênito, a gente precisa saber se a presença do desfibrilador poderia ter evitado essa morte —, afirmou o delegado Angelo Lages, titular da 12ª DP.

A polícia enviou a documentação sobre a interdição para a prefeitura, responsável por aplicar a multa pela falta do equipamento necessário na academia. Os investigadores querem ouvir testemunhas da hora da morte.

Dedicação
Dayane foi descrita como dedicada, educada e estudiosa por um amigo. A jovem de 22 anos faria aniversário no próximo dia 13. E os planos eram muitos, conta o personal trainer Rafael D'Ávila, amigo da estudante e quem recebeu a ligação de um funcionário da academia quando Dayane ou mal.

O amigo conta que a jovem sempre foi muito ativa e preocupada com a saúde. Eles se conheceram há cerca de 15 anos, quando, na época, Rafael era casado com uma das professoras de balé de Dayane, num estúdio também em Copacabana. A dedicação da estudante fez com que asse de aluna, acolhida no espaço com bolsa, a professora.

Ajudar a família financeiramente sempre foi uma preocupação. Em 2021, ela e a mãe montaram, em casa, um bufê sob encomenda. Eram criados pratos doces e salgados e cestas em datas comemorativas. No perfil do pequeno negócio, Dayane aparece contando um pouco da rotina, em que se divida entre cuidar do novo empreendimento e os estudos na universidade.

— Em 13 de junho, ela faria 23 anos. Já estava na organização da festa. Estava fazendo o TCC, e se formaria nesse semestre. Já morava sozinha e fazia estágio na área. Sempre trabalhou e ajudou a mãe. Elas vendiam comida sob encomenda. Faziam uma renda extra com isso. A Day vem de uma família muito humilde e correta. Era uma menina muito educada e estudiosa. ou para um curso com uma nota de corte difícil, e de primeira — conta o amigo Rafael.

Dayane era moradora de Copacabana e fazia academia numa unidade também no bairro. Rafael conta que a amiga tinha preocupação com a saúde e que era cuidadosa. Ela mantinha o balé como uma de suas atividades, com prática duas vezes na semana, e academia por três dias. Dayane teve um problema anteriormente, porém, fez o tratamento necessário e se curou, além de seguir em acompanhamento médico, destaca Rafael:

— Ela teve um problema, fez uma cirurgia cardíaca, e foi um sucesso. Ela acompanhava com um cardiologista, já estava bem. Ela se cuidava super, tinha plano de saúde, em abril fez um check-up. Agora é preciso entender o que aconteceu, qual foi a origem disso. E é preciso investigar se o desfibrilador poderia a salvar — conta o amigo. — Eu já a vi treinando. Era um treino levinho, com pouco peso. E fazer academia era uma indicação médica para ela.

Contato com a família
Personal trainer, Rafael era conhecido pelos funcionários da academia onde Dayane se exercitava. Ele contou que recebeu a ligação do estabelecimento no momento em que a jovem ou mal. Foi ele que teve que avisar à família.

— Já tinham me visto falando com ela lá. Nas redes sociais, viram que éramos amigos. Eles me ligaram. Estava dando aula em outra unidade. Falaram que precisavam de contato da família porque ela estaria ando muito mal. Eu consegui o telefone da mãe dela. Uma amiga do balé conseguiu ir direto para a academia, e quando chegou, ela estava entrando em óbito. A mãe dela estava tendo aula no EJA (Educação de Jovens e Adultos). Fui até lá e só falei que ela estava ando mal. Vi a mão dela perto do corpo. Essa imagem ficou voltando na minha cabeça.

A polícia enviou a documentação sobre a interdição para a prefeitura, responsável por aplicar a multa pela falta do equipamento necessário na academia. Os investigadores querem ouvir testemunhas da hora da morte.

Na quarta-feira a academia divulgou, em seu perfil, numa rede social, uma nota em que lamenta a morte de Dayane. No texto, eles informam que a unidade não abriria nesta quinta-feira (22).

 

Newsletter