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CARGO

Acusado de quebrar placa contra "genocídio negro": saiba quem é Coronel Tadeu, suplente de Zambelli

Policial militar poderá ocupar vaga na Câmara deixada pela deputada, que anunciou nesta terça-feira que ficará fora do país

O ex-deputado Coronel Tadeu (PL-SP) poderá ocupar a cadeira deixada por Carla Zambelli (PL-SP) na Câmara, após o anúncio de afastamento dela do cargo feito nesta terça-feira. Em entrevista à Rádio Auriverde, ela afirmou que está fora do país e a caminho da Europa, depois de ser condenada no mês ado a dez anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A vaga agora poderá ser preenchida pelo policial militar de São Paulo, punido no ado por quebrar uma placa exibida no Congresso que protestava contra a morte da população negra.

Eleito pela primeira vez em 2018, com 98.373 votos, Coronel Tadeu migrou do PSL para o PL junto ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ganhou notoriedade no ano seguinte ao rasgar uma charge do cartunista Latuff que fazia referência ao episódio em que um jovem negro foi morto por um tiro disparado por PM.

O quadro "Genocídio da população negra” estava exposto na Câmara. Em 2021, o Conselho de Ética da Casa aprovou por 12 a 5 a imposição de uma censura verbal ao deputado.

Em 2022, ele chegou a concorrer novamente, mas não foi eleito. À época, ele foi alocado no gabinete do senador Marcos Pontes (PL-SP), onde recebia o salário de 11,4 mil por mês como assessor parlamentar. Nas redes, ele se define como "conservador, patriota e piloto de helicóptero", usando na descrição do perfil o lema "Deus, pátria e família", usado no governo Bolsonaro.

Como suplente do PL em SP, ele poderá assumir agora o lugar de Zambelli, que anunciou nesta terça-feira que pedirá o afastamento da função por estar fora do país.

— Estou fora do Brasil já faz alguns dias. Vim, a princípio, buscar um tratamento médico e agora vou pedir para que eu possa me afastar do cargo (...) Vou me basear na Europa, tenho cidadania europeia. Estou muito tranquila quanto a isso — afirmou.

Entenda a condenação de Zambelli
No mês ado, a deputada foi condenada pelo STF a dez anos de prisão por falsidade ideológica e invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Durante o julgamento do caso pela Primeira Turma, o relator, o ministro Alexandre de Moraes, apontou que o hacker Walter Delgatti, a mando de Zambelli, inseriu pelo menos 16 documentos falsos na rede eletrônica do órgão público.

De acordo com o magistrado, uma das provas consistia em um arquivo ado pela deputada segundos após ter sido criado por Delgatti em seu computador. Moraes decidiu, então, pela condenação dela e teve a decisão referendada por outros integrantes do colegiado na apreciação do caso em plenário virtual.

Ao receber a sentença, a deputada afirmou, em entrevista coletiva a jornalistas, que "não sobreviveria na cadeia".

Além dessas acusações, Zambelli também responde na Corte por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal. Na eleição ada, a deputada sacou uma pistola contra um jornalista, militante petista, depois de um bate-boca na rua, na véspera do segundo turno.

Em março, o STF formou maioria para a condenação da parlamentar, mas a análise do caso foi paralisada após o pedido de vista do ministro Kássio Nunes Marques.

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