Ao STF, Cid diz que Zambelli e Delgatti debateram fraudes nas urnas com Bolsonaro antes da eleição
Ex-ajudante de ordens do ex-presidente afirmou que o encontro foi agendado pela parlamentar e realizado no Palácio Alvorada
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, afirmou, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti Neto se reuniram com o ex-presidente para discutir a possibilidade das urnas eletrônicas serem alvo de fraude durante as eleições de 2022.
Segundo Cid, o encontro foi agendado pela parlamentar e realizado no Palácio Alvorada.
"Foi na hora do café da manhã. Eles chegaram bem cedo. O hacker estava levantando as hipóteses de como poderia ter sido feita a fraude e como se poderia descobri-la", disse Cid.
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Segundo o tenente-coronel, Bolsonaro pediu que o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, marcasse outro encontro com Delgatti para continuar a discussão sobre as possíveis fraudes.
Zambelli foi condenada pelo STF pela invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com objetivo de adulterar documentos, como a emissão falsa de mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. No sábado, Moraes determinou que o Ministério da Justiça deve formalizar um pedido de extradição da deputada federal, que está na Itália e foi condenada a 10 anos de prisão. Além disso, mandou comunicar imediatamente a Câmara dos Deputados da perda de mandato dela, que faz parte da condenação, e transformou sua prisão preventiva em definitiva.
O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos/PB), sinalizou nesta segunda-feira que dará andamento à decisão:
— Vamos dar andamento ao rito para cumprir a decisão do STF — disse Motta durante o seminário “Agenda Brasil — o cenário fiscal brasileiro”, promovido pelo Valor, pela rádio CBN e pelo jornal “O Globo”.
Na sexta-feira ada, a Primeira Turma do STF rejeitou, por unanimidade, um recurso apresentado por Zambelli contra sua condenação, ocorrida em maio. Com isso, a ação penal foi encerrada e Moraes determinou a prisão definitiva de Zambelli e de Delgatti, também condenado na mesma ação, mas a oito anos e três meses de prisão.
Dois dias antes, Moraes já havia determinado a prisão preventiva de Zambelli, após ela anunciar que deixou o Brasil. Agora, o mandado de prisão segue valendo, mas o início do cumprimento da pena. Da mesma forma, Delgatti já estava preso preventivamente e seguirá detido.