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BRASIL

Câmara aprova urgência de projeto de lei para considerar milícias como terroristas

Proposta amplia alcance da Lei Antiterrorismo em vigor hoje. Esquerda teme que movimentos sociais sejam atingidos

A Câmara dos Deputados aprovou a urgência do projeto de lei que amplia o alcance da Lei Antiterrorismo e pode enquadrar organizações criminosas e milícias em penas mais graves.

Ainda não há previsão para os deputados votarem o mérito, mas governistas e partidos de esquerda já indicaram que pretendem discutir o tema com cautela. O temor é que o texto acabe atingindo movimentos sociais, como os Sem-Terra (MST) e lutas indígenas por reconhecimento territorial.

A proposta incluiria na Lei Antiterrorismo um trecho que classificaria práticas de “impor domínio ou controle de área territorial, quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado” como terroristas.

 

“O terrorismo consiste na prática, por um ou mais indivíduos, dos atos previstos neste artigo, motivados por xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião ou para impor domínio ou controle de área territorial, quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública”, diz o artigo completo com a redação sugerida.

— Nós, povos indígenas, acreditamos que é mais uma forma de não garantir o direito a manifestação. Nós sempre fizemos manifestações pacíficas. Lutar não é crime — disse Célia Xakriabá (PSOL-MG).

O autor da proposta é o deputado Danilo Forte (União-CE) justifica que “a experiência recente demonstra que grupos criminosos organizados têm utilizado verdadeiros atos de terrorismo para atingir seus objetivos. Tais ações, que incluem ataques a infraestruturas críticas e sabotagens a serviços de utilidade pública como meios para impor um regime de opressão em comunidades inteiras, visam desestabilizar o Estado, desafiar suas políticas e demonstrar seu poderio”.

— Gostaríamos de discutir muito o mérito. Podemos ser duros com as organizações criminosas, mas que a gente faça uma discussão que envolvam outros atores — Lindbergh Farias (PT-RJ)

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