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BRASIL

Cúpula do Exército vê denúncia da PGR como previsível e monitora delação de Cid

Ministro da Defesa teve reunião com integrantes das Forças Armadas

A cúpula do Exército considerou previsível a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra militares acusados de golpe de Estado, mas ainda avalia os desdobramentos da retirada de sigilo da delação do tenente coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.

Nesta quarta-feira, as informações de depoimentos do militar vieram a público após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A retirada do sigilo é importante para que os 34 acusados pela tentativa de golpe possam se defender no processo que corre na Corte.

Com a formalização da denúncia, a expectativa dos militares é que as Forças Armadas possam, pouco a pouco, superar o constrangimento e virar a página.

A apresentação da denúncia pela PGR foi discutida nesta quarta-feira no comando do Exército em uma reunião entre o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e o chefe do Estado-Maior do Exército, general Richard Fernandez Nunes.

O comandante do Exército, general Tomas Paiva, está em missão em Portugal, mas conversou por telefone com o ministro da Defesa.

Segundo um interlocutor, a denúncia não trouxe fatos novos, sobretudo em relação aos nomes, já que a maioria já tinha sido indiciada pela Polícia Federal.

Durante a reunião, foi reada ao ministro a situação atual de cada militar do Exército denunciado no processo: onde está lotado, quem está preso, usando tornozeleira, está na ativa ou foi transferido para a reserva.

Dos que estão na ativa, três estão presos; da reserva, são dois, entre eles o general Walter Braga Netto.

O ministro também foi informado que o comando já adotou medidas disciplinares em relação aos denunciados antes de virarem réus, o que ocorre quando a denúncia é aceita pela Justiça.

Esses militares não podem ser promovidos, transferidos ou ocupar cargo de comando. Quem não foi afastado do posto ou transferido para a reserva está exercendo função istrativa. Ao todo foram denunciados 23 militares.

Foi acertado com a Defesa que as Forças não se pronunciar oficialmente em relação à denúncia, sob alegação de que o processo agora está com o STF e, portanto, caberá aos denunciados apresentar a defesa.

Ainda não se sabe se todos os militares denunciados vão virar réus. Por isso, é preciso cautela, disse um oficial a par das conversas.

Entre os generais denunciados há um oficial general da Marinha, almirante Almir Garnier, ex-comandante da Armada. Na lista, não há militar da Aeronáutica.

O ministro da Defesa também conversou o comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen e comandante da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno. Segundo interlocutores, a situação está tranquila nas Forças, embora haja descontentamento militares da reserva.

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