Logo Folha de Pernambuco
EX-PRESIDENTE DA CÂMARA

Eduardo Cunha pediu para Cid interceder com Bolsonaro sobre processo que envolvia eleições

Em mensagens reveladas pelo UOL, ex-deputado pedia que o ex-presidente impedisse que a AGU entrasse com recurso que derrubaria sua candidatura em 2022

O ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, pediu para o tenente-coronel Mauro Cid interceder junto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para impedir que uma decisão que o liberava para disputar as eleições em 2022 fosse derrubada. O comentário foi feito numa troca de mensagens entre os dois, feita em 22 de setembro de 2022, revelado nesta sexta-feira pelo portal UOL.

Segundo a publicação, Cunha pediu a Cid que transmitisse para Bolsonaro um pedido para que a Advocacia-Geral da União (AGU) não apresentasse um recurso contra a decisão que dava fim à sua inegibilidade.

O ex-parlamentar havia sido cassado em 2016 por decisão do Conselho de Ética da Câmara, em meio a investigações da Lava-Jato, que apontaram o então deputado federal como beneficiário de propinas em contratos firmados pela Petrobras para aquisição de navios-sonda e para compra de um campo de petróleo no Benim, na África.

A cassação tornava Cunha inelegível, de acordo com a Lei da Ficha Limpa, até 2026. Em junho de 2022, no entanto, o ex-presidente da Câmara obteve decisão favorável do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), em Brasília, para suspender os efeitos da cassação, o que liberou sua candidatura. O receito do ex-parlamentar era, no entanto, que a AGU pedisse a anulação da decisão, impedindo-o de concorrer no pleito daquele ano.

"Muito obrigado, agradeça ao nosso presidente, diga a ele, por favor, que agora é a hora dele falar com a AGU para não recorrer", pediu Cunha. "Importante Lira também não recorrer", respondeu Cid. "O Lira não quer recorrer, mas quem representa a Câmara é a AGU. Eles fazem a revelia da própria vontade da Câmara, por isso, é fundamental que eles estejam cientes da vontade de todos nisso".

O assunto não volta a ser comentado por Cid, que também não menciona se Bolsonaro havia recebido o recado. O Ministério Público Federal (MPF) decidiu recorrer, mas a decisão em favor de Cunha prevaleceu, autorizando-o a disputar o cargo de deputado por São Paulo em 2022. Ele, no entanto, não foi eleito, tendo recebido apenas 5.044 votos.

Newsletter