Ex-diretor da Abin diz ao STF que avisou governo de transição sobre caráter golpista de acampamentos
Saulo Moura da Cunha disse que relatórios apontaram presença de 'pessoas com discursos extremistas' em movimento
O ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha afirmou nesta terça-feira (27), em audiência no Supremo Tribunal Federal (STF), que a agência comunicou ao governo de transição, no fim de 2022, sobre a presença de "pessoas com discursos extremistas" nos acampamentos realizados em frente a unidades militares naquela época.
Cunha afirmou que ela próprio participou da elaboração dos relatórios e que as informações foram readas para membros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e da Polícia Federal (PF) que atuavam na equipe de transição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
— Ainda no governo de transição, nós encaminhamos relatórios sobre a presença de pessoas com discursos extremistas que foram entregues a membros do governo de transição. Foram entregues ao GSI e aos representantes da Polícia Federal — afirmou.
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De acordo com ele, esses relatórios não tratavam apenas do acampamento em Brasília — montado em frente ao Quartel-General do Exército — mas também de outros de "grande porte", como o realizado no Rio de Janeiro.
Cunha ocupou a chefia da Abin nos dois primeiros meses do ano, enquanto a agência ainda não tinha uma indicação oficial. Ele prestou depoimento nesta terça como testemunha de defesa do ex-ministro Anderson Torres na ação penal que analisa se ocorreu uma tentativa de golpe de Estado.
O ex-diretor da Abin confirmou que a agência enviou diversos alertas ao governo federal sobre a preparação para os atos golpistas do 8 de janeiro. De acordo com ele, na véspera da manifestação também foi feito um contato com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.