Logo Folha de Pernambuco
Política

Gilmar Mendes alfineta inspiração de líderes da direita brasileira em ações de Bukele

Gilmar Mendes não citou nomes, mas afirmou que há "gente querendo se inspirar em Bukele", e que essa postura não pode ser aplicada no Brasil

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, criticou o fato de autoridades brasileiras se inspirarem nas medidas de segurança adotadas por Nayib Bukele em El Salvador.

A declaração foi feita após políticos como o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Capitão Derrite (PL-SP), e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) elogiarem publicamente a forma como o presidente salvadorenho tem conduzido as políticas de segurança em seu país.

Gilmar Mendes não citou nomes, mas afirmou que há "gente querendo se inspirar em Bukele", e que essa postura não pode ser aplicada no Brasil.

"Isso não faz sentido. Pelo menos isso não cabe na Constituição de 1988. É uma violência policial que ultraa todos os limites. É preciso que se combata o crime sem cometer crime", diz o ministro.

Gilmar Mendes também fez um apelo para que os direitos humanos sejam levados em consideração no debate da segurança publica.

O ministro participou do 2º Seminário Internacional de Segurança Pública, Direitos Humanos e Democracia, organizado pelo Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (Iree) em parceria com o Instituto Brasileiro de Ensino Desenvolvimento e Pesquisa (IDP).

Autoridades brasileiras elogiam Bukele

A forma com que o presidente Nayib Armando Bukele Ortez está enfrentando o crime organizado em El Salvador está chamando atenção.

Como uma nação com uma área menor que o Sergipe, com 6 milhões de habitantes, El Salvador saiu da posição de um dos países mais violentos do mundo, com 106 homicídios por 100 mil habitantes - mais de 3 vezes o número do Brasil - para uma taxa de homicídios de apenas a 1,9 por 100 mil habitantes.

Bukele obteve os índices após a promulgação de uma série de políticas de radicais contra o crime organizado, entre elas a construção de megapresídios e a detenção de suspeitos em larga escala e sem o devido processo legal.

No Brasil, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite elogiou a política controversa do regime de exceção instaurado em El Salvador.

Em março deste ano, Derrite afirmou que o Brasil deveria aprender com o pequeno país da América Central para reduzir os índices de homicídios - e aproveitou para criticar um programa federal destinado a combater violações de direitos humanos no sistema prisional brasileiro.

O deputado federal Nikolas Ferreira também elogiou publicamente as ações do salvadorenho. Na última semana, durante uma audiência com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, o mineiro defendeu ações mais duras contra a criminalidade no Brasil. Na ocasião, ele falou em "bukelizar" o Brasil, sugerindo a adoção de medidas semelhantes às implementadas por Bukele.

Ainda na última semana, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que se coloca como possível candidato à presidência da República, se referiu às políticas de Bukele como o "mais bem sucedido da história da humanidade" contra o crime organizado.
 

Newsletter