Governador de Minas Gerais compara moradores de rua a carros e sugere lei para "guinchá-los"
Durante entrevista, Zema defendeu remoção compulsória e comparou presença de moradores de rua à de veículos em local proibido
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O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), tornou-se alvo de críticas após comparar moradores de rua a carros estacionados em locais proibidos, afirmando haver a necessidade de "guinchá-los". A declaração foi dada durante entrevista à Jovem Pan, na quinta-feira.
"Temos lá (em Belo Horizonte) moradores de rua ainda. Eu falo que no Brasil nós tínhamos que ter uma lei. Quando você para um carro em lugar proibido, ele é removido, guinchado. Agora, fica morador de rua às vezes na porta da casa de uma idosa, atrapalhando ela a entrar em casa, fazendo sujeira, colocando a vida dela de certa maneira em exposição. E não temos hoje nada no Brasil que seja efetivo. É um problema em São Paulo, Belo Horizonte e em outras cidades" afirmou Zema.
A fala gerou forte repercussão negativa na classe política. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, criticou o governador nas redes sociais: "A insensibilidade do governador é revoltante! Zema erra para além da palavra. Alguém tem que ensinar a esse filhinho de papai que o correto, quando se trata de pessoas, é acolher", disse em publicação.
A insensibilidade do governador é revoltante! Zema erra para além da palavra. Alguém tem que ensinar a esse filhinho de papai que o correto, quando se trata de pessoas, é acolher. Morador de rua não é carro, nem carga da loja que ele herdou do pai para ser guinchado ou recolhido. pic.twitter.com/kXlC4nJGVc — Alexandre Silveira (@asilveiramg) June 7, 2025
Essa é a segunda declaração polêmica de Zema nesta semana. Em entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo", publicada na última terça-feira, o governador se recusou a classificar o período da Ditadura Militar como um regime autoritário, tratando o tema como "uma questão interpretativa".
"Eu acho que tudo é questão de interpretação", afirmou, ao ser indagado sobre o regime.
"Prefiro não responder, porque acho que há interpretações distintas. E houve terroristas naquela época? Houve também. Então fica aí. Acho que os historiadores é que têm de debater isso. Eu preciso me preocupar, hoje, com Minas Gerais", disse Zema.
A resposta evasiva foi vista por críticos como uma tentativa de minimizar os crimes cometidos durante a ditadura e gerou reações imediatas.
Nos bastidores, até aliados demonstraram desconforto com o comportamento do governador. Governistas ouvidos pelo Globo, sob reserva, avaliam que Zema pode acabar prejudicando a imagem do vice-governador Mateus Simões (Novo), considerado seu sucessor natural em Minas.
Enquanto Zema busca se projetar como herdeiro político da direita bolsonarista, Simões tenta cultivar uma imagem mais moderada, com diálogo junto ao eleitorado de centro.
Zema tem se posicionado como pré-candidato à Presidência da República em 2026, disputando a liderança do campo conservador após a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro.]
Outros nomes que despontam na direita são Ronaldo Caiado (Goiás), Ratinho Júnior (Paraná), Tarcísio de Freitas (São Paulo) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul).
Em 2024, o governador intensificou os acenos ao bolsonarismo: apoiou a proposta de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, participou da manifestação convocada por Bolsonaro na Avenida Paulista, em abril, e tem elevado o tom nas críticas ao presidente Lula e ao PT.