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BRASIL

José Dirceu divulga carta em apoio a Edinho Silva e fala em "concluir a revolução social brasileira"

Ex-ministro afirma que correligionário está 'à altura do desafio de presidir o PT nesse momento histórico' e critica concentração de renda, Faria Lima e Banco Central

Aliado de Edinho Silva, que disputa a presidência do Partido dos Trabalhadores (PT), o ex-ministro José Dirceu divulgou nesta segunda-feira uma carta à militância petista. No documento, além de defender a candidatura do correligionário, ele destaca a necessidade de “reconstruir o PT”, unificar a esquerda e retomar o trabalho de formação de base do partido. O ex-ministro também amontoa críticas ao Congresso, à concentração de renda e ao bolsonarismo.

Com 16 páginas, o texto se debruça em dois temas. O primeiro é a defesa da candidatura de Edinho, que disputa a presidência do PT contra o deputado federal Rui Falcão, o secretário de Relações Internacionais do partido Romênio Pereira e o historiador Valter Pomar. A segunda metade do documento é uma reflexão sobre a atual situação do PT.

“Edinho conhece o mundo parlamentar e vem de uma vida de lutas”, defendeu Dirceu. “Creio que ele está à altura do desafio de presidir o PT nesse momento histórico e nessa conjuntura que enfrentamos”, afirmou.

 

Nas críticas ao parlamento, Dirceu acredita que os deputados têm avançado sobre os outros poderes após o desequilíbrio causado pelas emendas parlamentares, que deu à Câmara mais controle sobre o Orçamento e fez o Executivo perder uma importante moeda de troca.

“Trata-se de uma urgência, dada a degradação do parlamento via o desvirtuamento das emendas parlamentares e os desvios de recursos para fins eleitorais e mesmo enriquecimento ilícito, o avanço do parlamento sobre os poderes constitucionais do presidente”.

Ao mercado financeiro, que classifica como um cartel, as críticas ficam para o Banco Central e a Faria Lima, “que cada vez mais concentra renda, via os juros altos únicos no mundo”.

"É preciso uma verdadeira mudança na vergonhosa concentração de renda e no cartel bancário financeiro, na política de juros e nas metas da inflação, que exigem uma radical reforma tributária e financeira, capaz de pôr fim à apropriação e expropriação da renda nacional pelo capital financeiro e agrário, num circuito entre o Banco Central e a Faria Lima, que cada vez mais concentra renda, via os juros altos únicos no mundo”, escreveu.

O documento finaliza com Dirceu defendendo que resta ao PT e às esquerdas "a tarefa histórica de concluir a revolução social brasileira inacabada".

Para o ex-parlamentar — que pode tentar uma cadeira na Câmara dos Deputados no ano que vem —, o novo comando da sigla terá o trabalho de “unificar toda a esquerda numa frente além do PV e do PCdoB” e aumentar a mobilização popular e sindical da legenda, “recriando nossas sedes, nos empoderando nas redes, expandindo a formação política”.

No documento, as bandeiras de Dirceu tratam ainda de antigas bandeiras do PT, como a reforma agrária e tributária progressiva, como pautas que ganharam apelo popular, como o fim da escala 6x1.

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