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STF

Moraes ironiza desfile "esfumaçado" de blindados na Esplanada, e Garnier cita "concidência"

Ex-comandante da Marinha foi o primeiro a ser interrogado na Primeira Turma do STF nesta terça-feira

O almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, afirmou nesta terça-feira que foi uma "coincidência" o desfile de blindados na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, no dia em que estava marcada a votação da proposta de emenda constitucional (PEC) do voto impresso.

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O episódio ocorreu em agosto de 2021 e foi interpretado como um ato de pressão dos militares em cima do Congresso Nacional. A declaração de Garnier foi dada durante interrogatório ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, que conduz a ação penal sobre o plano golpista.

— Nesse caso em particular, eu tenho que discordar dos chineses, foi uma coincidência — disse Garnier, referindo-se a pergunta de Moraes de que, "como dizem os chineses, não há coincidências".

O ex-comandante da Marinha explicou que o desfile já estava agendado há mais de um ano devido aos exercícios militares que ocorrem periodicamente na cidade de Formosa, em Goiás. O então presidente Jair Bolsonaro participou do evento militar, que ficou marcado pela agem dos blindados esfumaçados pela Esplanada.

— Isso não foi programado para o dia da votação no Congresso. Se a minha memória não me trai é que essa votação seria feita na comissão especial e, ao chegar ali, o presidente da Câmara decidiu levar ao plenário. O fato é que ele decidiu levar no plenário e marcou para a data que já estava marcado [o treinamento de Formosa], algo planejado há tanto tempo atrás. A Câmara alterou isso com 4, 5 dias de antecedência, eu não teria nem como fazer essa mudança — disse o militar.

Segundo dia de interrogatórios
A Primeira Turma do STF realiza nesta terça-feira mais uma etapa dos interrogatórios dos réus da trama golpista. A retomada dos depoimentos ocorreu com questionamentos feitos a Garnier.

Como não há previsão de horário para acabar, a expectativa é que os interrogatórios avancem para a maior parte dos seis réus que ainda não falaram. Nesta segunda-feira foram realizados os interrogatórios de Mauro Cid, primeiro a falar por ser colaborador, e Alexandre Ramagem. As oitivas são feitas em ordem alfabética.


Os depoimentos são conduzidos pelo relator da ação penal, ministro Alexandre de Moraes. Os interrogatórios ocorrem na sala da Primeira Turma do STF, e todos os réus participam presencialmente, com exceção do ex-ministro Walter Braga Netto, que está preso preventivamente, no Rio de Janeiro, e por isso acompanha por videoconferência.

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