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INTERROGATÓRIO

Radicais e moderados: saiba a classificação dos réus feita por Mauro Cid em depoimento ao STF; veja

Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro confirmou ao STF o conteúdo da sua delação premiada

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, afirmou nesta segunda-feira que o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, fazia parte do grupo dos "radicais" que defendiam um suposto golpe de Estado. Relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Alexandre de Moraes listou o nome de cada um dos seis réus da ação penal e perguntou a que grupo eles integravam. Segundo Cid, só Garnier era dos "radicais".

Assista ao vivo:

Os ex-ministros Defesa Paulo Sergio e Braga Netto eram, na visão de Cid, integrantes do grupo dos "moderados". E os ex-ministros Augusto Heleno e Anderson Torres, e o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, não se enquadravam em nenhum grupo.

Em seu acordo de colaboração premiada, Cid dividiu os grupos que orbitavam em torno do ex-presidente Jair Bolsonaro de acordo com os seus pontos de vista em relação a uma ruptura institucional. Haviam os "radicais", os "moderados" e os "conservadores", sendo estes dois últimos contrários à execução de um golpe.

Dentro dos radicais, havia ainda uma subdivisão entre os que eram mais e menos extremistas.

“[O grupo mais radical] era dividido em dois grupos, que o primeiro subgrupo ‘menos radicais’ que queriam achar uma fraude nas urnas; que o segundo grupo de radicais era a favor de um braço armado; que gostariam de alguma forma incentivar um golpe de Estado; que queria que ele assinasse o decreto; que acreditavam que, quando o Presidente desse a ordem, ele teria apoio do povo e dos CACs [Clubes de Atiradores Desportivos e Colecionadores de Armas de Fogo]”, explicou Cid, em sua delação.

Nesta segunda, Cid também afirmou Bolsonaro recebeu, leu e fez alterações em uma minuta golpista elaborada por assessores do ex-presidente. O ex-ajudante de ordens acrescentou ainda que Garnier deixou as tropas da Força "à disposição".

Série de depoimentos
O STF iniciou nesta segunda-feira a etapa de interrogatórios dos réus da trama golpista. Os depoimentos são conduzidos pelo relator da ação penal, ministro Alexandre de Moraes. O primeiro a falar é Cid, que foi ajudante de ordens de Bolsonaro. Além de Moraes, o ministro Luiz Fux, integrante da Primeira Turma, também está presente e fará perguntas.

Os interrogatórios ocorrem na sala da Primeira Turma do STF, e todos os réus participam presencialmente, com exceção do ex-ministro Walter Braga Netto, que está preso preventivamente, no Rio de Janeiro, e por isso acompanha por videoconferência.

Durante a sessão, Moraes ocupa a cadeira da presidência da Primeira Turma. Os réus estão lado a lado, acompanhados dos advogados. Quando um interrogado é chamado, o acusado senta em uma mesa localizada à frente dos demais.

Serão interrogados os oitos réus do primeiro núcleo da trama golpista. Além de Cid e Braga Netto, fazem parte do grupo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), os ex-ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Anderson Torres (Justiça) e Paulo Sério Nogueira (Defesa), o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) e o tenente-coronel Mauro Cid .

Os depoimentos estão marcados para ocorrer durante todos os dias desta semana. Caso haja necessidade, podem continuar na próxima semana.

Cid é o primeiro a falar por ter feito um acordo de delação premiada. Como o conteúdo de sua fala pode ser utilizada na acusação contra os demais réus, a legislação determina que o delator seja ouvido primeiro, para que os outros saibam o conteúdo.

Depois, a ordem seguida é a alfabética: Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto.

Em cada interrogatório, o primeiro a fazer perguntas é o ministro Alexandre de Moraes, seguido pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Depois, a defesa do próprio réu faz questionamentos. Os advogados dos demais réus também podem elaborar perguntas, seguindo a ordem alfabética.

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