Logo Folha de Pernambuco
BATE-BOCA

"Se eu pedir desculpas para a Marina, minha mulher me bota pra fora", diz senador

Plínio Valério também argumentou que não se elegeria "nem vereador" caso recuasse nas declarações sobre a titular do Meio Ambiente

Após protagonizar um bate-boca com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante audiência no Congresso, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) negou, nesta quinta-feira (29), a possibilidade de pedir desculpas pelo episódio.

Na sessão realizada na última terça, o parlamentar afirmou que "a mulher merece respeito", mas "a ministra, não" — frase que, depois de embates com outros senadores, levou Marina a abandonar o local.

— Se eu pedir desculpas para a Marina, não entro em casa, minha mulher me bota pra fora. E não me elejo nem vereador — argumentou Valério após desembarcar de um voo vindo de Brasília no Aeroporto de Manaus.

O senador — que em ocasião anterior já havia dito ser difícil tolerar a ministra "sem enforcá-la" — também rechaçou que suas declarações tenham viés machista.

— ito que fui sem educação, mas não misógino, nem machista. Quem me conhece pelos corredores do Senado sabe que sou um cavalheiro — disse, antes de prosseguir.

— O mundo está muito chato com essa cobrança de machismo. Não se pode falar mais nada.

Marina Silva abandonou a sessão da Comissão de Infraestrutura do Senado após uma sucessão de discussões com parlamentares. Os embates foram motivados especialmente pela pavimentação da BR-319, estrada que liga Porto Velho a Manaus. A ministra já havia exigido que Plínio Valério se descule ainda durante a audiência. Diante da recusa do tucano, ela deixou a comissão.

— Eu fui convidada como ministra, então tem que respeitar. Eu me retiro porque eu não fui convidada por ser mulher — sustentou Marina.

Ao sair da comissão, ela lembrou o ataque anterior de Plínio Valério durante evento da Fecomércio no estado do Amazonas, em março, no qual o parlamentar destacou uma participação da ministra na I das ONGs: "Imagine o que é tolerar a Marina seis horas e dez minutos sem enforcá-la", disse o político na ocasião.

— Ouvir um senador dizer que não me respeita como ministra, eu não poderia ter outra atitude. Ele é uma pessoa que disse que da outra vez que eu vim aqui como convidada foi muito difícil para ele ficar seis horas e dez minutos comigo sem me enforcar, e hoje veio de novo para me agredir — afirmou Marina na última terça.

'Se ponha no seu lugar'
Anteriormente, na mesma sessão, a ministra e o senador Marcos Rogério (PL-RO), presidente da comissão, também haviam discutido. Marina afirmou ter se sentido ofendida por falas do senador Omar Aziz (PSD-AM), da base do governo Lula, e questionou a condução dos trabalhos feita por Rogério. Ele ironizou:

— Essa é a educação da ministra, ela aponta o dedo…

Marina afirmou, então, que Marcos Rogério gostaria que ela "fosse uma mulher submissa".

— Eu tenho educação. O senhor gostaria que eu fosse uma mulher submissa. Eu não sou.

Rogério, então, rebateu:

— Me respeite, ministra. Se ponha no teu lugar.

Newsletter