Senadores reclamaram de Marina Silva em reunião com Lula em abril
Queixas tiveram como foco a demora para a concessão do licenciamento ambiental para pavimentação da BR-319, que motivou discussão no Congresso nesta terça-feira
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, já havia sido alvo de críticas por parte de líderes partidários em jantar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na residência oficial do Senado, em abril.
As queixas tiveram como foco a demora para a concessão do licenciamento ambiental para pavimentação da BR-319, estrada que liga Porto Velho a Manaus. A demora da autorização para a prospecção de petróleo na Foz do Amazonas também esteve na pauta dos senadores.
De acordo com aliados do governo, o mal-estar com Marina no Senado existe desde o começo do governo, em 2023. Integrantes do Planalto já avaliavam que a aprovação, na semana ada, do projeto que muda as regras do licenciamento ambiental foi uma reação dos senadores à iniciativa da pasta do Meio Ambiente.
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Já havia no governo, antes do episódio desta terça-feira, uma percepção que Marina tem dificuldades nas articulações com o Congresso e, por isso, sofre reveses. Para auxiliares de Lula, houve, pelo menos, duas iniciativas recentes que levaram à reação do Senado.
Uma delas tem a ver com os estudos para criação de uma reserva marinha na Margem Equatorial, que motivou o convite para Marina ir à Comissão de Infraestrutura do Senado na terça-feira. O receio, levado pelos senadores ao governo, é que o parque impeça a exploração de petróleo na Foz do Amazonas. A autorização para prospecção do mineral ainda aguarda licença do Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Houve também contrariedade dos parlamentares por causa da operação do Ibama, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, que, entre os meses de abril e maio, promoveu o embargo de 70 mil hectares de terras na Amazônia. A ação, a maior já realizada contra o desmatamento, recebeu o apelido de “embargão” e fez com que o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), fosse ao Planalto para se queixar da operação com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.
Na terça-feira, Marina abandonou a Comissão de Infraestrutura após bate-boca com senadores e embates sobre a pavimentação da BR-319.