Siqueira diz que esquerda precisa se renovar, e exalta João Campos
Carlos Siqueira deixa a presidência nacional do PSB e fala em renovação geracional, com chegada de João Campos
Prestes a deixar a presidência nacional do PSB após quase onze anos, o pernambucano de Bom Conselho, Carlos Siqueira, de 70 anos, atribui a mudança a uma “renovação geracional”. Neste final de semana, ele ará o comando do partido ao prefeito do Recife, João Campos, que tem 31 anos. Siqueira ressaltou que a reoxigenação é necessária na política, e criticou abertamente o PT por não renovar seus quadros.
“João nunca pediu para ser presidente. Eu tive uma conversa com ele e defendi uma mudança geracional. Me sinto honrado por ter servido ao PSB, onde estou há 35 anos, como presidente, primeiro secretário de Miguel Arraes e de Eduardo Campos. Mas não quero me perpetuar aqui. João aceitou o desafio para o qual foi convocado. Estou esperançoso de que ele leve o PSB para renovar a esquerda brasileira, hoje um campo que tem muita carência de lideranças jovens”, afirmou Siqueira, em entrevista ao podcast Direto de Brasília, apresentado por Magno Martins.
“Quando se olha no panorama de 2026, você vê na direita os governadores Romeu Zema, Tarcísio de Freitas e Ronaldo Caiado, entre outros. Na centro-esquerda, que não tratou de fazer uma renovação, só se vê o presidente Lula (PT). Acho que a dificuldade de renovar está no PT. Quando Eduardo saiu pré-candidato, a candidatura dele saiu a fórceps, porque a então presidente Dilma Rousseff interferiu tanto. As dificuldades políticas que amos foram muito grandes, insufladas pelo governo Dilma e por gente do PT. Infelizmente teve o acidente. Essa resistência aqui é só do PT. Claro que eles são um partido grande, apoiamos eles, mas é preciso ver gente de outras áreas”, disparou.
Embora não seja mais presidente do PSB em 2026, Siqueira crava que legenda não fará uma federação com os petistas – o que também não ocorreu em 2022. O assunto voltou à tona recentemente, através do líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães, mas a ideia não encontraria eco no lado socialista.
“Tivemos vários problemas na formação das chapas em 2022. Temos conversado com Cidadania e PDT, que são partidos afins, que aceitam uma federação com regras democráticas, onde um partido não mande no outro. Conhecendo como conhecemos os parceiros do PT, isto é impossível. Vamos apoiar a reeleição do presidente Lula se ele for candidato. Estaremos no campo em que sempre estivemos. Não pelos cargos, que temos poucos, mas porque temos lado”, alfinetou Siqueira.
“Fui pressionado em 2022 e fiquei contra a proposta apresentada pelo PT, resisti bravamente e todos hoje me dão razão. Não chamaria a proposta de indecente, mas de antidemocrática. Nos colocaria como partido subalterno, e um partido que se coloca nessa posição perde o sentido de existir”, completou.
Sobre uma eventual saída de Geraldo Alckmin (PSB) da vice na chapa de Lula, Siqueira afirmou que o partido não aceitaria e consideraria “uma desfeita”. “Seria uma injustiça não apenas com o PSB, mas com o próprio Geraldo. O presidente sequer sabe se contará com esses partidos (do centrão) que ele acha que irá contar. Eles estão no governo mas nenhum deles quis se comprometer a apoiar candidatos da nossa frente. O PSB foi e é leal, de maneira que não acho razoável uma mudança dessas. Seria uma desfeita com o PSB, absolutamente. E isso não é uma posição do presidente do partido, mas de todo o PSB”, concluiu o dirigente.